Transações de alto valor envolvendo Antonio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, despertam atenção no contexto das investigações sobre fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Em fevereiro de 2024, ele adquiriu um apartamento avaliado em R$ 3,3 milhões, situado a 600 metros da praia de Sunny Isles, na Flórida.
O imóvel, com pouco mais de 100 metros quadrados, localiza-se em uma península urbana, oferecendo vista privilegiada para o oceano Atlântico e o Intracoastal Waterway. Nas proximidades, estão as Trump Towers e o Aventura Mall, importante centro de compras de luxo da região norte de Miami Beach.
As aquisições do “Careca do INSS”
O apartamento, comprado por US$ 610 mil, ainda não aparece nos relatórios da Polícia Federal ligados à Operação Sem Desconto.
Segundo registros oficiais, a aquisição coincide com o período em que a PF aponta movimentação intensa de bens por parte de Antunes, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos recursos provenientes do esquema fraudulento.
Tania Camilo dos Santos, mulher de Antunes, também figura como proprietária do imóvel.
Além disso, Antunes mantém em Miami uma filial da World Cannabis, empresa voltada para o mercado de maconha medicinal. Em setembro de 2024, ele e o filho fundaram a Camilo Comercio e Serviços LLC, sediada em Orlando, também na Flórida.
Desdobramentos do escândalo no INSS
O escândalo envolvendo o INSS veio à tona em dezembro de 2023, depois de reportagens do Metrópoles apontarem que entidades sindicais teriam arrecadado cerca de R$ 2 bilhões em um ano por meio de descontos indevidos em aposentadorias.
As denúncias resultaram na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril de 2025, e culminaram na demissão do então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e na renúncia do ministro Carlos Lupi.
Até junho de 2025, a Operação Sem Desconto já alcançou cinco fases. Na quarta-feira 20, o Congresso Nacional instalou uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito para apurar fraudes no INSS, tendo como relator o deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) e como presidente o senador Carlos Vianna (Podemos-MG).
A CPMI possui poderes para quebrar sigilos bancários, requisitar informações a órgãos públicos e solicitar dados sigilosos à Polícia Federal e ao Coaf. Os parlamentares também podem convidar ou convocar qualquer pessoa para prestar esclarecimentos durante as investigações.
Reportagens anteriores revelaram que Antunes realizou reuniões não registradas em agendas oficiais com ministros e secretários do governo federal, além de financiar camarotes em shows em Brasília para integrantes do Ministério da Previdência.
Três entidades envolvidas no escândalo acionaram o TJDFT contra Antunes, requerendo a devolução de pelo menos R$ 647,4 mil relacionados a desfiliações de associados.