Alvo dos EUA, Venezuela tem arsenal militar defasado
Governo Trump enviou navios para águas próximas ao país
Por | Publicado em: 21/08/2025 17:35 | Fonte: Revista Oeste

O governo dos Estados Unidos provocou um clima de tensão nesta semana por sua movimentação militar na América Latina. A pedido do presidente Donald Trump, cerca de 4 mil soldados e três embarcações de guerra com mísseis guiados foram enviados à região, com o objetivo de reforçar o combate ao narcotráfico nas proximidades da Venezuela.
A Casa Branca acusa o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, de liderar um cartel internacional de tráfico de drogas — como o fentanil, substância que se espalha rapidamente por várias cidades do país, com uma propagação semelhante a uma epidemia — com destino aos EUA.
Venezuela tem estrutura militar limitada
Se as tensões chegarem a um confronto militar, a Venezuela estaria em desvantagem. O país ocupa a 50ª posição no ranking global de poder militar, segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, referência mundial no tema.
As forças armadas venezuelanas enfrentam limitações orçamentárias, dificuldades técnicas e restrições comerciais. De acordo com levantamento do site Global Military, a Força Aérea venezuelana possui mais de 220 aeronaves ativas, enquanto a Marinha dispõe de mais de 40 navios, inclusos três submarinos destinados a operações militares.
O efetivo é de mais de 120 mil soldados em serviço ativo, 8 mil reservistas e cerca de 220 mil integrantes de forças paramilitares. No total, ao somar as diferentes estruturas, o número de militares alcança pouco mais de 340 mil. A população estimada do país é de quase 30 milhões de pessoas.
Os recursos financeiros aplicados na área de defesa são baixos. Em 2018, o orçamento militar somou cerca de US$ 750 milhões, o que corresponde a apenas 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. Na prática, significou um gasto de 25 dólares por habitante. Para efeito de comparação, os EUA investem centenas de bilhões de dólares por ano em defesa.
A orientação estratégica das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas está voltada principalmente para a segurança interna e a preservação do regime. Sua doutrina militar é influenciada pelo chavismo, baseada na ideia de “união cívico-militar” e na preparação para uma “guerra popular de resistência” contra ameaças externas e internas.
O arsenal venezuelano é majoritariamente composto por equipamentos de origem russa e chinesa, reflexo do embargo de armas imposto pelos EUA desde 2006. O país dispõe ainda de sistemas de mísseis antiaéreos considerados avançados. Entretanto, há relatos de dificuldades para manutenção e obtenção de peças de reposição.
Em 2025, a Venezuela inaugurou uma fábrica de munições Kalashnikov em Maracay, em parceria com a Rússia. A unidade tem como objetivo produzir cartuchos de 7,62 milímetros para os fuzis AK-103, padronizados no país, a fim de diminuir a dependência de importações. A estatal Cavim também atua na produção licenciada de armas e na modernização de equipamentos antigos.