Fechamento de entidades investigadas por fraudes no INSS trava processos de aposentados
Com sedes fechadas, associações como AAPPS Universo, Aapen e Conafer dificultam até intimações da Justiça em ações
Por | Publicado em: 24/08/2025 07:08 | Fonte: Revista Oeste

O fechamento de entidades suspeitas de fraudes no INSS vem dificultando o acesso à Justiça para aposentados e pensionistas que tiveram descontos indevidos nos benefícios. Oficiais relatam obstáculos para localizar essas associações e notificá-las em processos judiciais em diferentes Estados.
Em Aracaju, a sede da AAPPS Universo, antes vistoriada pela Controladoria-Geral da União (CGU) em 2024, não funciona mais no endereço antigo. O imóvel está fechado e passa por reformas para a instalação de um buffet, segundo revelou o g1.
Desdobramentos das investigações e esquemas fraudulentos no INSS
Investigações conduzidas pela Polícia Federal e pela CGU revelaram que a AAPPS Universo descontou quase R$ 88 milhões de aposentados do INSS entre 2022 e 2024, sendo que muitos dos descontos não teriam sido autorizados pelos beneficiários.
Em Fortaleza, a Associação de Aposentados e Pensionistas Nacional (Aapen) permanece fechada desde 28 de abril, apenas três dias depois do início da Operação Sem Desconto. Funcionários foram dispensados e a cobertura do prédio no bairro Aldeota, antes identificada, perdeu toda a sinalização.
Francisca da Silva de Souza, presidente da Aapen, alegou na Justiça que foi nomeada sem seu consentimento. Segundo a Defensoria Pública, ela foi usada como “laranja” e responde a mais de 200 processos por possíveis fraudes cometidas por terceiros.
Em Brasília, a sede da Conafer, situada no centro da cidade, também está fechada, apesar de manter letreiros. Entre 2019 e 2024, a entidade descontou R$ 484,4 milhões de benefícios de aposentados. A investigação começou em 2021 depois da denúncia de adulteração de documentos para filiação forçada.
Dificuldades para aposentados e ações judiciais
A ausência de representantes nas sedes tem dificultado a tramitação de processos judiciais, especialmente para aposentados que buscam a devolução de valores. Em muitos casos, ações já foram julgadas a favor dos beneficiários, mas o pagamento não ocorreu por causa da dificuldade em localizar os responsáveis.
No momento, a Polícia Federal conduz 13 inquéritos em Estados como São Paulo, Minas Gerais, Ceará, Sergipe e Distrito Federal. Estima-se que cerca de 30 associações tenham cometido descontos ilegais. Quando a Operação Sem Desconto foi lançada, 11 entidades já estavam sob investigação formal.
Impacto financeiro e andamento das investigações
Segundo cálculos da Polícia Federal e da CGU, o prejuízo total pode alcançar R$ 6 bilhões entre 2019 e 2024, atingindo milhares de aposentados. Até agora, bens avaliados em R$ 176,7 milhões foram apreendidos e contas bancárias foram bloqueadas. Dois investigados seguem presos, mas ainda não há condenações ou ações penais concluídas.