Em clima de fim de lua de mel, PT deixa bloco partidário de Motta
A decisão ocorre depois da derrota da base governista na eleição para a presidência e a relatoria da CPMI do INSS
Por | Publicado em: 26/08/2025 19:13:32 | Fonte: Revista Oeste

A derrota do governo na eleição para a presidência e a relatoria da CPMI do INSS provocou novos abalos na base petista no Congresso. Nesta terça-feira, 26, a federação formada por PT, PCdoB e PV formalizou a saída do bloco liderado pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A decisão foi publicada no Diário Oficial da Casa.
A ruptura ocorreu depois que a ausência de parlamentares governistas na votação permitiu que a oposição substituísse nomes e garantisse maioria na comissão. O resultado foi a escolha do senador Carlos Viana (Podemos-MG) para a presidência e do deputado Alfredo Gaspar (União-AL) para a relatoria, derrotando os indicados pelo governo — o senador Omar Aziz (PSD-AM) e o deputado Ricardo Ayres (Republicanos-TO). Nesta terça-feira, 26, o deputado Duarte Júnior (PSB-MA) foi eleito vice-presidente do colegiado.
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), assumiu a culpa pela derrota do PT na CPMI do INSS | Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
O episódio expôs fragilidades da articulação política do Palácio do Planalto. Em coletiva de imprensa na semana passada, logo depois da eleição da CPMI, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), reconheceu a derrota do partido.
“O time entrou com salto alto, subestimou o adversário, e o adversário teve capacidade de se articular, exerceu maioria e elegeu presidente”, declarou. “Eu assumo a minha culpa, minha máxima culpa, porque cabe a mim a responsabilidade da liderança no Congresso. Então, responsabilidades minhas eu não terceirizo para ninguém. Acho que subestimamos a capacidade de articulação da oposição.”
PT não apoiou CPMI do INSS
A CPMI do INSS investiga fraudes em benefícios previdenciários reveladas pela Operação Sem Desconto. À época da coleta de assinaturas para a criação da comissão, parlamentares do PT e da base governista não estiveram entre os signatários. A articulação do colegiado foi realizada pela oposição.
Em sessão da CPMI nesta terça-feira, foram aprovadas 17 convocações, entre elas a do ex-ministro da Previdência Carlos Lupi, além de ex-ministros e ex-presidentes do instituto. Também foram aprovados pedidos de informação a órgãos como a CGU, TCU, Polícia Federal, Defensoria Pública da União e Supremo Tribunal Federal.
As convocações devem aprofundar o constrangimento político para o governo, já que antigos gestores de diferentes administrações terão de prestar esclarecimentos sobre falhas e irregularidades.
Consequências políticas
A saída da federação petista do bloco de Motta enfraquece ainda mais a relação do Planalto com a Câmara e isola a base em um momento de baixa popularidade do governo. Pesquisas recentes mostram que menos da metade da população aprova a atual gestão, enquanto a maioria expressa desaprovação.
O impasse em torno da CPMI do INSS, somado à dificuldade de articulação no Legislativo, reforça o cenário de crise enfrentado pelo governo, que tenta reposicionar sua comunicação com a adoção de um novo slogan: “Do lado do povo brasileiro”.