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Maduro pede socorro à ONU

Ditador venezuelano pede uma intervenção internacional para frear os avanços dos Estados Unidos contra o regime chavista

Por | Publicado em: 29/08/2025 15:38:17 | Fonte: Revista Oeste

Maduro pede socorro à ONU
O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, divulgou, nesta sexta-feira, 29, o envio de uma carta ao secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres. O texto aborda a preocupação do regime chavista com a “escalada de agressões” dos Estados Unidos.

Desde a última semana, navios de guerra norte-americanos se posicionam no sul do Caribe. “Não se pode permitir que, em pleno século XXI, ressurgam políticas de força que coloquem em risco a paz e a segurança internacional”, escreveu Maduro em seu perfil oficial no Instagram.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, afirmou, em 27 de julho, não reconhecer Maduro como presidente legítimo da Venezuela. Desde 2024, Washington afirma que o vencedor da última eleição presidencial na Venezuela foi o opositor Edmundo González Urrutia.

Rubio também classificou o ditador como o chefe do Cartel de Los Soles, uma facção de narcotraficantes. O anúncio veio no mesmo dia em que a Casa Branca subiu para US$ 50 milhões a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro.

Os governos da ArgentinaParaguai, Equador, Guiana e Trinidad e Tobago manifestaram concordância com a designação do Cartel de Los Soles como organização terrorista. Entretanto, o presidente da Colômbia, o socialista Gustavo Petro, nega a existência da organização, que é denunciada pelos EUA desde os anos 1990.

Leia a íntegra da carta de Maduro à ONU

“Distinto Secretário-Geral, prezados amigos

Dirijo-me a Vossa Senhoria para expressar a mais profunda preocupação da República Bolivariana da Venezuela diante da escalada de agressões do Governo dos Estados Unidos da América contra o nosso país, as quais, nos últimos dias, atingiram um nível de ameaça sem precedentes para a paz e a segurança da América Latina e do Caribe.

Há anos, a Venezuela tem sido alvo de uma política sistemática de assédio por parte dos Estados Unidos, caracterizada por medidas coercitivas unilaterais, campanhas de difamação, deslegitimação de suas autoridades constitucionais e uso de mecanismos de lawfare para criminalizar instituições e líderes legítimos. Essa ofensiva política e jurídica tem sido acompanhada de uma retórica incendiária e de ameaças de uso da força que, de forma constante, buscam justificar uma intervenção estrangeira em nosso país.

Hoje, essa agressão avançou para um plano ainda mais perigoso: o deslocamento militar no Caribe de forças navais e aéreas dos Estados Unidos, incluindo destróieres e um cruzador lança-mísseis, bem como a presença de um submarino nuclear de ataque rápido. Trata-se da primeira vez em que um ativo dessa natureza é introduzido em nossa região, o que constitui uma gravíssima ameaça para a estabilidade hemisférica.

Excelência, essas ações configuram uma violação flagrante da Carta das Nações Unidas, em particular dos artigos 2.1 (igualdade soberana dos Estados), 2.3 (solução pacífica de controvérsias), 2.4 (proibição da ameaça ou uso da força) e 2.7 (não intervenção nos assuntos internos). Ao mesmo tempo, contrariam a letra e o espírito do Tratado de Tlatelolco, instrumento fundamental que estabelece a desnuclearização da América Latina e do Caribe e cujos Protocolos I e II também obrigam os Estados Unidos. Da mesma forma, desconsideram a Proclama da CELAC de 2014, que declarou nossa região como uma Zona de Paz.

A humanidade e esta Organização não podem permitir que, em pleno século XXI, ressurgam políticas de força que coloquem em risco a paz e a segurança internacionais. A Venezuela reitera seu compromisso com o direito internacional, a solução pacífica das controvérsias e o respeito à soberania dos povos.

Nesse sentido, solicito que Vossa Excelência, no marco das competências que lhe confere a Carta das Nações Unidas, assuma a defesa ativa de seus valores e princípios fundamentais, instando o Governo dos Estados Unidos da América a pôr fim a essas ações hostis e a respeitar plenamente a soberania, a integridade territorial e a independência política da República Bolivariana da Venezuela.

Renovo a Vossa Excelência as seguranças da minha mais alta estima e consideração.

Nicolás Maduro Moros”

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