No STF, defesa de Cid nega coação da PF em delação premiada
Jair Alves Ferreira e Cezar Bittencourt alegam que colaboração do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro foi voluntária e pedem manutenção dos benefícios
Por | Publicado em: 02/09/2025 18:24:11 | Fonte: Revista Oeste

Na sessão desta terça-feira, 2, na 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), a defesa de Mauro Cid negou que houve coação da Polícia Federal (PF) durante as delações premiadas do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL).
Os advogados Jair Alves e Cezar Bitencourt centraram-se na validade da suposta colaboração premiada de Cid, rechaçaram alegações de coação e pediram a confirmação integral dos benefícios pactuados.
Jair Alves citou os áudios publicados pela revista Veja, cujos trechos mostravam críticas à condução de um delegado, mas não evidenciam qualquer pressão ilegal. Ressaltou que é legítimo questionar linhas investigativas, “concordando ou não com indiciamentos ou relatórios”, e elogiou a equipe da PF, a quem descreveu como ética e profissional.

Em um momento de desconforto, Alexandre de Moraes reagiu com uma careta quando o advogado mencionou que, nos áudios, falaram mal do ministro-relator. Houve risos no plenário quando Jair Alves comentou que Moraes “deveria estar acostumado” com as críticas negativas.
Defesa de Cid cita atuação de Moraes na delação
Ainda em sua sustentação, Jair Alves frisou que discorda do pedido de condenação do procurador-gerald a República, Paulo Gonet, e voltou a insistir que “não houve coação de autoridades em nenhum momento”.
O advogado a audiência de novembro, última etapa formal da colaboração, na qual Moraes advertiu Cid sobre prisão em caso de mentira — para Jair, tratou-se de dever funcional do ministro, não de coação.
O defensor ainda enfrentou boatos sobre a anulação do acordo por supostas mensagens entre Cid e o advogado Eduardo Kuntz (ligado a Marcelo Câmara). Ele disse que o próprio ex-ajudante de ordens pediu a perícia, que as mensagens “não são idôneas”, que Cid não usa a rede social atribuída aos prints e que não existe ata notarial comprovando a autenticidade: “O cartório certificou a inexistência”.
Inconsistências da delação
Sobre as inúmeras inconsistências da delação de Cid, Jair Alves alegou que tudo decorreu do suposto desconhecimento direto dos planos “Punhal Verde e Amarelo” e “Copa 2022”. Ele argumentou que o militar teria apenas recebidos em arquivos.
O advogado também explicou que os primeiros três dias do depoimento foram a base da delação e as demais oitivas ocorreram por convocações da PF para complementar informações.
O ministro Luiz Fux interveio para confirmar se a primeira oitiva fora de boa vontade e as demais por chamamentos, o que foi confirmado por Jair Alves. O magistrado sinalizou que, caso a delação não tivesse sustentação, a ação penal também perderia validade.