Relatório para justificar busca e apreensão contra empresários foi fraudado, afirma Tagliaferro
A operação da Polícia Federal ocorreu por determinação do ministro Alexandre de Moraes
Por | Publicado em: 02/09/2025 18:36:05 | Fonte: Revista Oeste

O perito Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), afirmou que o relatório elaborado pelo gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para fundamentar a operação de busca e apreensão na casa de empresários, em 2022, foi fraudado. Tagliaferro apresentou a denúncia na tarde desta terça-feira, 2, em audiência na Comissão de Segurança Pública do Senado.
Naquele ano, os alvos da operação foram Luciano Hang, Afrânio Filho, José Peres, José Júnior, Ivan Wroble, Mauro Aurélio Raymundo, Luiz Tissot e Meyer Nigri.
A cronologia dos fatos, segundo Tagliaferro
- Em 17 de agosto de 2022, o site Metrópoles informou que empresários defenderam, por meio de mensagens de WhatsApp, um suposto golpe de Estado para garantir a continuidade de Jair Bolsonaro no Planalto.
- Em 19 de agosto, dois dias depois da publicação da reportagem, Moraes determinou a busca e apreensão na casa dos empresários.
- Em 23 de agosto, a Polícia Federal (PF) cumpriu a ordem do ministro e realizou os mandados de busca e apreensão.
Na época, veículos de imprensa revelaram que a decisão do ministro teve como base a reportagem publicada pelo Metrópoles, o que gerou críticas da opinião pública.
Para abafar o caso, o juiz auxiliar de Moraes no STF, Airton Vieira, teria solicitado — depois a operação da PF — a elaboração de um relatório sobre o grupo de WhatsApp citado na reportagem. Esse documento teria sido produzido em 28 de agosto, conforme imagens divulgadas por Tagliaferro. O perito alega, contudo, que o relatório aparece datado como se tivesse sido produzido em 22 de agosto — um dia antes da operação da PF. Isso configuraria fraude processual.
Oposição pede impeachment de Moraes
Senadores presentes na audiência afirmaram que a acusação é grave e poderia resultar no impeachment de Moraes. O senador Magno Malta (PL-ES) prometeu oficiar o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e o presidente do STF, Luís Roberto Barroso.
A oposição acredita que, se comprovada, a fraude no processo contra os empresários é argumento suficiente para paralisar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Está comprovado o modus operandi do marginal Alexandre de Moraes para requentar provas”, afirmou o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente.