Atos da direita no 7 de Setembro unem protestos contra Moraes e pedidos de anistia
Manifestações pelo Brasil
Por | Publicado em: 07/09/2025 00:29:54 | Fonte: Gazeta do Povo

Com o lema "Reaja, Brasil", a oposição e apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) preparam manifestações em dezenas de cidades do país neste domingo, 7 de Setembro. As principais pautas das manifestações são a anistia para os presos do 8 de janeiro e o impeachment do ministro Alexandre de Moraes. Os organizadores acusam o magistrado de "ruptura democrática e abuso de poder". Confira no fim da matéria a lista com alguns dos atos programados no 7 de Setembro.
Em 2025, os atos ocorrem em meio a um cenário político que inclui o julgamento de Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF), denúncias contra o ministro Alexandre de Moraes reveladas pelo ex-assessor Eduardo Tagliaferro, a CPMI do INSS, e as tentativas de avançar com a pauta da anistia no Congresso.
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro deverá participar da manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo (SP), segundo informações da assessoria do pastor Silas Malafaia. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também devem comparecer ao mesmo evento. Em Belo Horizonte (MG), a mobilização contará com a participação do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG).
Em Brasília (DF), o ato ocorrerá no estacionamento da Funarte, atrás da Torre de TV, por recomendação da Polícia Militar. Entre as autoridades confirmadas na capital federal, estão a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), o senador Izalci Lucas (PL-DF), a deputada federal Bia Kicis (PL-DF) e o ex-desembargador Sebastião Coelho (Novo-DF).
O pastor Silas Malafaia é um dos grandes mobilizadores para as manifestações por meio das redes sociais. Ao convocar o povo às ruas, ele diz que o ato é em favor da “liberdade” e contra a “perseguição política vergonhosa”, em referência ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Na mesma linha, o senador Flávio Bolsonaro publicou uma mensagem de mobilização e afirmou que a manifestação é um "grito de liberdade". “Não se mata uma ideia! No dia 7 de setembro, seremos milhões de brasileiros nas ruas, unidos em um só grito de liberdade. Não apenas pelo presidente Bolsonaro, mas por todos aqueles que hoje sofrem com a tirania de poucos. É a voz do povo que ecoará, é o Brasil que se levantará! Vamos às ruas! Que Deus abençoe o nosso Brasil”, disse o senador.
O ex-desembargador Sebastião Coelho, por sua vez, criticou as articulações políticas e as iniciativas para a anistia. "No dia 7 de Setembro, todos nas ruas! É a hora de mostrar que não aceitamos trocas políticas, mentiras de golpe de estado e perseguições. Essa anistia que estão articulando é uma farsa! O Congresso já teve várias oportunidades e sempre nos enganou. Vamos juntos lutar por justiça, anistia e por um novo Brasil", afirmou.
Coelho se referia à proposta do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), aliado do Palácio do Planalto, que articula uma versão reduzida da anistia, apelidada de “anistia light”. Essa versão do texto abrandaria as penas dos condenados pelos atos do 8 de janeiro, mas excluiria Bolsonaro e os líderes dos atos.
Já o vice-líder da oposição, deputado Ubiratan Sanderson (PL-RS), reforçou que o 7 de Setembro "é a oportunidade do povo mostrar que não aceita perseguições e que defende um Brasil livre e soberano". "Vamos às ruas de forma pacífica, mas firme, para reafirmar que nossa independência e nossa liberdade não são negociáveis”, disse à Gazeta do Povo.
O líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), também enfatizou que os atos pelo Brasil são para manter acesa a "chama da indignação". Segundo ele, "não podemos banalizar o fato de que a justiça está sendo ultrapassada, que o arbítrio está estabelecido, que as pessoas estão sendo caladas e emudecidas em nome de uma pretensa democracia de fachada". "Pela liberdade, pela anistia, pelo fim das injustiças e da perseguição contra a direita no Brasil", afirmou.
Julgamento de Bolsonaro dá peso aos atos
As manifestações de 7 de Setembro acontecem em meio a uma sucessão de fatos que elevam a tensão entre os Poderes. Os principais fatos são:
- A Primeira Turma do Supremo iniciou, no dia 2 de setembro, o julgamento de Jair Bolsonaro, acusado de articular um plano de golpe em 2022;
- No Senado, o ex-assessor Eduardo Tagliaferro fez denúncias contra o ministro Alexandre de Moraes;
- A CPMI do INSS pressiona por explicações sobre fraudes bilionárias contra aposentados e pensionistas e tem a possibilidade de desgastar ainda mais a imagem do governo Lula;
- E a oposição tenta acelerar no Congresso a pauta da anistia aos presos do 8 de janeiro.
Esse conjunto de eventos deve servir para ampliar o alcance e o tom das manifestações. Para o analista político Alexandre Bandeira, o impacto da mobilização da direita para o 7 de setembro é uma incógnita, já que as últimas manifestações pró-Bolsonaro não tiveram o mesmo impacto das anteriores. No entanto, ele reforça que a data é importante para o movimento, que a utiliza como um ato cívico e de protesto.
Bandeira avalia que o fato de o 7 de Setembro ocorrer em meio ao julgamento de Bolsonaro pode levar mais pessoas às ruas nas manifestações. "O ponto é esse: pararemos nos protestos?", questiona. O analista afirma que, se os protestos forem pacíficos e contarem com "milhões de pessoas nas ruas", podem ser uma forma de pressão sobre o Supremo Tribunal Federal (STF) e um "salvo-conduto" para o Congresso acelerar o processo de anistia para os presos do 8 de janeiro.
Já o advogado André Marsiglia, especialista em liberdade de expressão, avalia que a manifestação será um “termômetro” para o Congresso avançar com a pauta da anistia, além de “sensibilizar o Centrão para que entenda o que são as pautas populares”.
“Essas manifestações podem sensibilizar o Congresso ou os congressistas para acelerar ou buscarem acelerar as pautas de impeachment [de ministros do STF] ou da anistia. Acredito que seja essa a intenção”, declarou.
Em relação a um possível impacto dos atos do 7 de Setembro no julgamento do ex-presidente, Marsiglia avalia que isso não existirá. “Não creio que isso deva impactar os juízes ou o resultado do julgamento na Primeira Turma. Até porque me parece que já é conhecido esse resultado pela postura e conduta desse julgamento, pela própria manifestação desses ministros em oportunidades anteriores”, completou.
Outro ponto destacado por Bandeira é o acirramento do clima eleitoral de 2026 já em 2025. "Nós estamos vendo essa mesma temperatura já em níveis elevados um ano antes das eleições", diz. O analista afirma que essa tensão, que normalmente ocorre apenas em anos eleitorais, já está se manifestando em diversos âmbitos da sociedade, de grupos de WhatsApp a reuniões familiares, o que pode tornar o próximo ano eleitoral ainda mais tenso.