Nomofobia: o Rio e a aversão progressista à ordem
Violência
Por | Publicado em: 29/10/2025 09:51:16 | Fonte: Gazeta do Povo
Esse canal agora tem status de ministério? Foi uma das primeiras coisas que pensei desde que voltei ao Brasil recentemente, chocado com o grau de ideologização de um grande canal de TV a que assistia. Os argumentos utilizados nos debates, sempre favorecendo a esquerda, eram mais pueris e surrealistas do que os que eu via no centro acadêmico da universidade pública em que estudei.
Não tenho nenhuma informação exclusiva sobre as razões desse viés, mas imagino que parte disso se deva à tradicional subserviência de muitas mídias, zelosas dos favores do governo; e outra parte deva-se à ideologia comunista mesmo, ao grau de fanatização progressista das elites escolarizadas do Brasil. Se o esquerdista médio hoje não sabe nem a diferença entre homem e mulher, como a saberá entre policial e bandido?
Se a culpa é nossa, o bandido é vítima, e o combate ao crime não resolve nada, tem-se que qualquer ação policial sempre será profundamente injusta
E daí temos esses juízos delirantes em meio às operações policiais no Rio de Janeiro. Os jornalistas bolchehipsters mal sabem o que ocorreu, mas são rápidos em condenar a polícia e a santificar as “vítimas” de mais um “genocídio” ou “chacina”.
Na visão maniqueísta desses progressistas, a história é uma luta do Bem contra o Mal, das forças do Progresso contra as forças da Reação. Os problemas existentes na sociedade – como os relacionados a educação, saúde, segurança pública etc. – são todos solucionáveis, e é possível construirmos uma realidade utópica em que não mais exista nenhum tipo de infortúnio ou angústia. Alguém foi roubado? Culpa da desigualdade. Alguém teve um problema de saúde? É o capitalismo que explora e estressa. Não teve acesso à educação? Porque a privatização do ensino esvaziou o serviço público. Revolucionemos a sociedade, consertemos o sistema, que esses problemas se solucionam de maneira definitiva.
Na visão progressista, assim, a responsabilização nunca recai sobre o indivíduo. Como todos os problemas são solucionáveis pelo Progresso, se alguém cometeu um crime, é porque nós deixamos de solucionar o problema da criminalidade; é porque nós, como sociedade, falhamos em construir uma estrutura em que esse criminoso sequer pensasse em cometer o crime. Então a culpa é nossa. Se um criminoso surge entre nós, é porque nós não o educamos, não lhe demos oportunidades, não o preparamos para uma vida digna e produtiva. Então ele é a vítima, e nós é que somos os algozes. Bem-vindos à rota cênica dos caminhos tortuosos da moral progressista.
O primeiro erro desse raciocínio é óbvio: e se a melhor maneira de preparar esse sujeito para uma vida produtiva for, precisamente, permitindo que ele cresça em uma sociedade segura, em que criminosos sejam duramente punidos?
De certa forma, muitos esquerdistas até reconhecem que repressão policial e punição funcionam; é só ver a sua reação quando o celular deles é roubado, ou quando querem censurar e perseguir a direita: aí eles lembram que polícia e justiça funcionam para mudar comportamentos.
O segundo erro refere-se ao foco que os progressistas têm em solucionar definitivamente um problema, enquanto que, na vida real, a maior parte dos nossos problemas são meramente gerenciáveis. Quando dizemos que queremos ver bandidos na cadeia, não estamos dizendo que almejamos uma realidade utópica sem criminalidade; nós desejamos ao menos mantê-la num nível manejável. Mas o Progressista é escatológico, e quer resolver as coisas definitivamente; colocar na cadeia vai resolver o crime de vez? Não? Então não adianta nada.
Por fim, se a culpa é nossa, o bandido é vítima, e o combate ao crime não resolve nada, tem-se que qualquer ação policial sempre será profundamente injusta. Qualquer norma, qualquer esforço de imposição da ordem, é interpretada pelo progressista como uma agressão gratuita contra pessoas que não fizeram nada de errado individualmente; elas são apenas resultado do sistema que as criou. A única solução possível é a revolução; e os bandidos, ao menos eles, contribuem para destruir a ordem atual. Os defensores da ordem e a polícia, só atrapalham.
Gustavo Maultasch